Cartilha de educação ambiental:
Vivendo a natureza

6º ao 9º ano do Ensino Fundamental

O mundo não foi feito em alfabeto.
Senão que primeiro em água e luz.
Depois árvore.

Manoel de Barros

Apresentação

Esta Cartilha de Educação Ambiental VIVENDO A NATUREZA, um breve apanhado de alguns dos principais temas da Educação Ambiental, faz parte do Projeto "Recicla CDL na Escola", promovido pela Federação dos Dirigentes Lojistas do Estado de Santa Catarina há cinco anos que se desenvolve junto às Escolas Municipais e premia as melhores redações e desenhos realizados sobre um assunto relacionado ao meio ambiente.

O objetivo deste material é funcionar como apoio à abordagem prévia dos professores junto aos alunos nos meses que antecedem a realização do concurso. Não há, portanto, pretensão de contemplar todo o conteúdo relacionado à educação ambiental, ou mesmo de substituir os materiais pedagógicos de disciplinas específicas, como ciências, geografia ou biologia, mas atuar como um catalizador de interesses e perspectivas da interdisciplinaridade da sustentabilidade.

Foram desenvolvidos textos-base, com uma linguagem simples, com o intuito de aproximar os estudantes desde o 6.o ao 9.o anos do Ensino Fundamental das questões ecológicas que têm graves repercussões globais e cujas práticas preventivas dizem respeito ao cotidiano de todos nós. Complementando os textos são indicados alguns links de conteúdos disponíveis em sites de diferentes entidades e da imprensa, textos em geral, jogos e vídeos a serem utilizados conforme os recursos e disponibilidades de cada escola. Acompanhando cada capítulo são sugeridas algumas atividades pedagógicas, que variam da realização de atividades de campo a pesquisas em fontes bibliográficas e entrevistas, cálculos, desenhos, desenvolvimento de jogos, etc., de modo a contemplar a variada gama de abordagens que a sustentabilidade requer na vida prática.

Os dados e informações contidos nos textos estão amparados nas próprias fontes indicadas à complementação do conteúdo, de modo que cada professor poderá explorar com maior profundidade os assuntos, conforme sejam de maior interesse.

Observa-se, ainda, que, em função de a proposta abranger estudantes dos quatro anos finais do Ensino Fundamental, se buscou finalizar um texto que pudesse dialogar com esse público, sem prejuízos à compreensão dos mais novos, e, ao mesmo tempo, pertinente ao público de mais idade. Contudo, se recomenda sempre ao professor a intermediação desse aprendizado, de modo a manter o interesse e agregar conhecimento ao público específico, lembrando que o Projeto também desenvolveu uma Cartilha voltada às crianças do 1.o ao 5o anos, que pode ser utilizada paralelamente.

Que a aventura comece!

Água

Planeta azul, esse poderia ser o nome do planeta que habitamos! É azul a cor das águas que recobrem três partes de toda a superfície terrestre, como exclamaram admirados os astronautas já na primeira viagem do homem à Lua.

Além de preencher os oceanos que abrigam os seres marinhos e equilibram o clima do planeta, dos rios, lagos, lagoas, mangues e geleiras, a água também está presente nas nossas células e nos alimentos que ingerimos, na atmosfera, vegetação e é indispensável para a existência de todo tipo de ser vivo.

Toda a água da Terra integra um ciclo, evapora e umedece o ar, forma as nuvens que são levadas pelo vento e que, quando estão bem carregadas, chovem. A chuva molha e rega a vegetação, reabastece rios e lagos que, em um movimento contínuo e sutil, encaminham as águas para o mar. Aquelas águas que estão nos polos sul e norte do planeta congelam nas épocas de frio intenso e descongelam um pouco com o calor.

Um outro tanto dessas águas são infiltradas no solo e nas rochas, formando os lençóis freáticos, águas subterrâneas que abastecem poços artesianos e são alcançadas pelas raízes das plantas, que precisam de água para transformarem flor em fruto, desenvolverem caule ou tronco, galhos e folhas.

A água é um bem da natureza, é direito de todas as pessoas ter acesso à água, porque é indispensável à vida. Para podermos usar da água para nossa alimentação e higiene, é necessário que ela esteja limpa de qualquer tipo de sujeira, poluição ou contaminação, caso contrário pode transmitir doenças. É sobre isso que precisamos refletir e agir!

Como todo mundo sabe, as águas não caem do céu quando a gente quer e não há uma fonte de água limpa em qualquer esquina. A água é preciosa e escassa. Nós seres humanos utilizamos da água para quase tudo que fazemos: higiene pessoal (lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, descarga dos banheiros), limpeza das casas e ambientes de trabalho, para cozinhar os alimentos e lavá-los, para alimentar os animais, inclusive aqueles que são criados para a indústria alimentícia, e na fabricação de todo tipo de coisa: peças de carro, objetos de plástico, papel, tecidos e roupas, e daí por diante.

Além disso, a força das águas é utilizada para a produção de energia elétrica, por meio das usinas hidrelétricas, como a de Itaipu, Enercan e Machadinho.

Quando o esgoto é lançado sem tratamento nos rios e mares, quando restos de materiais e resíduos ficam acumulados próximos a fontes de água ou são jogados nos rios e córregos pelas cidades, as águas ficam contaminadas de metais pesados e outros poluentes, se tornando impróprias para o consumo e provocando contaminação do solo e animais que habitam naquela região. Os resíduos dos rios chegam aos oceanos e causam muitas mortes na fauna marinha, provocam migrações desses animais e prejuízo à sua reprodução e vida saudável.

Os terrenos e espaços rurais e urbanos, quando muito ocupados por asfalto e concreto, também dificultam que as águas das chuvas retornem ao solo e ocasionam enchentes e desastres, inclusive provocando a morte de pessoas. Ao mesmo tempo interferem no clima daquele ambiente, fazendo com que haja períodos de seca e outros de acúmulo de chuvas. Quando as margens dos rios não são protegidas pela vegetação, o terreno sofre erosão, grandes rachaduras na terra, ampliando o leito das águas e fazendo os rios secarem.

No mundo todo, há atualmente 1/3 de pessoas que não têm acesso a água limpa nas suas casas. Muitas delas deixam o lugar onde vivem por não terem água para que possam plantar seu alimento e criar algum animal que lhes dê sustento. Segundo informações da ONU - Organização das Nações Unidas, até 2030, quase 1,8 bilhão de pessoas sofrerá por não ter acesso a água. Atualmente, cerca de 663 milhões de pessoas sofrem em função da ausência ou baixa qualidade da água que consomem.

Por isso todos nós devemos cuidar e valorizar a água. Substância única, que é imprescindível para a vida humana e para o equilíbrio ecológico de toda a natureza. Como podemos contribuir? Cuidando para que nosso uso seja somente o necessário e sem desperdício, dando a destinação correta para os resíduos para que não poluam os oceanos, cuidando das nascentes, dos riachos e mantendo as terras protegidas da erosão, com árvores e vegetação, por exemplo.

Para saber mais

Atividades sugeridas

  1. Pesquisar quais as águas (de que mananciais, rios, bacia hidrográfica) que abastecem a sua cidade.
  2. Montar um reservatório de água da chuva em sala de aula, ou estudar os modelos existentes e como pode ser feito.
  3. Medir quanto tempo se gasta para tomar banho (cronômetro ou despertador), escovar os dentes, e tarefas domésticas, para conscientizá-los sobre o uso da água. Medir todos os dias, durante uma semana, identificar a média e definir com uma meta, calculando o quanto de água é possível economizar em um mês com a medida.
  4. Fazer uma música falando da água.
  5. Pesquisar as tecnologias que são utilizadas para aproveitamento e purificação da água.

Florestas e áreas de proteção ambiental

Chamamos de floresta uma área de terreno extensa, coberta de árvores e arbustos. Ela é nativa quando surge naturalmente pelo trabalho do vento, das aves e outros animais que levaram sementes de um lugar para outro. Chama-se artificial, ou plantada, quando os seres humanos tomaram a iniciativa de formá-la, plantando árvores, em geral, da mesma espécie, como as florestas de pinus elliottii.

Mas afinal, por que as florestas são tão importantes? Vocês já pensaram sobre isso? As árvores têm muitas funções ecológicas e, quando reunidas numa floresta, se tornam imbatíveis em questão de importância para o equilíbrio da natureza. Cada árvore contribui com a fixação do solo, evitando erosão e desmoronamentos de encostas, consome o gás carbônico que é tóxico para os seres humanos e produz oxigênio, que nos é vital, equilibra a temperatura do ambiente com a sua sombra, torna o ar mais úmido, dá abrigo e alimento às aves e a outros animais. Quando falamos nas florestas, podemos multiplicar essa função protetora por milhares de árvores. As matas são mesmo uma grande riqueza!

É por isso que áreas de floresta, como a Mata Atlântica, que cobre grande parte dos Estados do Sul do Brasil, são objeto de proteção pela mais importante lei de nosso país, a Constituição Federal, junto com outras áreas igualmente essenciais, como o Pantanal Mato-Grossense, as zonas costeiras (que são as áreas que ficam às margens do Oceano Atlântico, costões, pontas, dunas e praias), a Floresta Amazônica e a Serra do Mar.

Todas essas áreas apresentam funções ecológicas essenciais, logo, devem ser tratadas com todo o cuidado, algumas das quais fazem parte de um patrimônio comum da humanidade. Algo que não pertence a nenhum indivíduo isolado, mas é indispensável para que a vida das gerações presentes e futuras seja resguardada.

As matas quando estão cobrindo as montanhas evitam que chuvas torrenciais derrubem casas e causem danos às pessoas, quando próximas das nascentes e rios (mata ciliar) protegem seu leito para que mantenha seu trajeto e não seque. Além de contribuir para purificar as águas, contribuem na evaporação das águas e formação das nuvens de chuva que todas as plantas precisam para crescer, inclusive aquelas das lavouras que servirão para nosso alimento. Quando interligadas (corredores ecológicos), as matas permitem que os animais transitem em segurança, busquem alimento e água, que se reproduzam, mantendo a biodiversidade e o equilíbrio ecológico.

Sabiam que na natureza somos todos interdependentes? Insetos levam o pólen das flores de umas para outras e fazem surgir novos jardins, aves se alimentam do néctar dessas flores, pequenos animais caçam as aves e assim por diante. Nós, seres humanos, também nos integramos a essa ordem, precisamos de oxigênio, de água limpa, de sombra, de alimento, o que nos torna interessados e responsáveis por manter esse equilíbrio.

Quando uma floresta é derrubada, o meio ambiente é gravemente perturbado, e pode não se recompor devidamente. São necessárias décadas para que uma floresta se estabeleça e a ação depredadora do homem pode mesmo tornar essa restauração impossível, quando, por exemplo, desmata tudo e faz queimadas ou transforma todas as áreas verdes em concreto.

As áreas de preservação permanente, como o nome já diz, devem ser mantidas como são, ao natural, ou seja, o homem não deve interferir para não afetar o equilíbrio ecológico. Por isso não devemos derrubar as árvores que protegem os morros, que ficam ao redor das fontes, córregos e rios, desmatar as áreas de mangue, construir sobre dunas e na encosta do mar.

Você sabia que atualmente 800 milhões de pessoas do mundo são desnutridas e mais de 1 bilhão têm deficiências na alimentação? Que 30 mil crianças morrem de fome a cada dia no mundo? Que o Brasil é o 9o país com maior número de pessoas passando fome?

É graças ao trabalho integrado da natureza que podemos usufruir de ar puro, água, frutos, grãos, enfim, proteger o equilíbrio ecológico é importante para que todos possam ter acesso a esses bens necessários à vida. É por isso que todos nós devemos cuidar da natureza, e ensinar outras pessoas a também valorizarem esse bem maior, que é de todos nós.

Para saber mais

Atividades sugeridas

  1. Trabalhar em sala de aula a vegetação típica da Mata Atlântica, como a Araucária, e como podemos contribuir para que permaneça integrada com os aspectos socioeconômicos e culturais.
  2. Identificar e estudar a interação de flora e fauna na mata típica da região.
  3. Pesquisar os acidentes com desmoronamento de terra e alagamentos na região e suas causas.
  4. Pesquisar sobre mata ciliar e seus benefícios.
  5. Identificar cinco produtos desenvolvidos a partir de plantas nativas da Floresta Amazônica.

Biodiversidade e espécies ameaçadas

Quem conhece o porco-espinho ou o marreco? Já viu uma onça pintada ou um mico-leão-dourado? São incontáveis as espécies de plantas e animais que compõem a biodiversidade do planeta Terra. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, são mais de 103.870 espécies animais e 43.020 espécies vegetais conhecidas no país e há outras tantas ainda não catalogadas, isto é, que não receberam nome e identificação apropriada pelos cientistas. Outras, ainda, de tão raras, estão ameaçadas de não mais existirem.

Quando o habitat de uma espécie animal é devastado, seja por uma catástrofe climática, por exemplo, pela ação humana, como o desmatamento ou inundação, esses animais tendem a buscar abrigo em outros lugares. Ocorre que um pinguim que fuja das geleiras derretidas do polo sul não vai conseguir sobreviver em uma praia de águas mornas. Bem como os preás, quatis, jaguatiricas, que são encontrados em diferentes florestas do Brasil, não conseguirão alimento e sustento se ao seu redor não houver árvores e mata para se protegerem e criarem seus filhotes.

Fauna e flora são interdependentes. Em uma floresta plantada pelo homem para a indústria, não há espaço para os pequenos animais e não se espera o tempo e a ação da natureza para produzir novas mudas. Com a ocupação humana de todos os terrenos urbanos e rurais com utilidades industriais ou de produção, restam aos animais silvestres apenas as áreas de preservação.

Você conhece a história do açaí? Aquela frutinha que produz uma polpa roxa e saborosa, que se come com banana e sorvete? Ela é uma planta nativa do norte, da região Amazônica, é fruto da floresta. O cacau do qual se faz chocolate também nasce nas matas da Bahia e nordeste brasileiro.

Toda mata tem seus segredos, a flora silvestre é muito rica em variedade, e nosso conhecimento sobre ela é ainda tão pouco. Há muito a descobrir, plantas comestíveis, plantas que produzem substâncias que funcionam como remédio, novos perfumes, materiais resistentes para uso em móveis e utensílios. Além disso, uma boa variedade de plantas é garantia de que os nutrientes necessários estarão presentes nas nossas mesas e que os animais também serão saudáveis e fortes, contribuindo para a qualidade de vida de todos.

Biodiversidade significa formas de vida variada. Há um mundo inexplorado de conhecimento na biodiversidade do planeta. Mas só será possível se tivermos cuidado em proteger as florestas nativas e corredores ecológicos, em cultivarmos o interesse legítimo e respeitoso sobre os benefícios que a natureza nos oferece, sem, contudo, nos tornarmos predadores dessa biodiversidade.

Sempre que uma planta (ou animal) é de alguma forma afetada por alterações estudadas em laboratório (organismos geneticamente modificados - OGM) que visem aumentar sua produtividade ou crescimento acelerado há um sério risco de se alterar o desenvolvimento natural daquele ser vivo. Intervir com elementos artificiais na composição do alimento humano pode causar problemas de saúde e mesmo comprometer a longo prazo a capacidade reprodutiva daquela mesma espécie de flora ou fauna. Outro problema grave é o cultivo extensivo de uma só espécie de planta, a monocultura, que reduz a variedade e, com isso, também as possibilidades e oportunidades de superação de problemas em situações críticas, como uma praga, por exemplo.

Como podemos contribuir, na prática, para a manutenção da biodiversidade? Plantando uma horta de vegetais variados e típicos da nossa região, preservando as tradições de cultivos e plantios que nossos pais e avós já praticavam, aprendendo a apreciar a variedade de flores dos jardins que chamam borboletas e abelhas responsáveis por disseminar a variedade vegetal. Aprendendo sobre a qualidade das sementes, da fauna e flora próprios da região, valorizando seu cultivo e proteção. Também é importante respeitar as áreas de preservação ambiental, que resguardam os espaços para o desenvolvimento livre da fauna e da flora nativos.

Para saber mais

Atividades sugeridas

  1. Identificar dez plantas típicas da região e seus usos.
  2. Fazer um jornal mural, a ser divulgado nos corredores da escola, com as pesquisas sobre biodiversidade da região.
  3. Inventar um jogo de memória relacionando os animais da região com seu habitat.
  4. Descubra quais os animais já foram salvos da extinção em função das leis e campanhas ambientalistas.
  5. Pesquisar a função que as abelhas exercem na natureza.

Mudanças climáticas

A cada três meses passa uma estação climática do ano: primavera, verão, outono e inverno. Percebemos, mesmo na pele, quando o inverno chega com suas manhãs nubladas, ventos e geadas, ou quando o sol brilhante convida para um mergulho no mar.

Durante muito tempo, séculos até, o clima se manteve relativamente estável e, portanto, previsível. Daí o conhecimento sobre quando plantar e colher as lavouras, evitar problemas com as cheias dos rios, o momento certo de podar as plantas e reflorescer.

Ocorre que, embora parecendo estável, o clima vem sofrendo alterações ao longo do último século e, mais aceleradamente, nas últimas décadas, se tornando cada ano mais quente. De acordo com as pesquisas realizadas por cientistas do mundo todo, reunidos no IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a temperatura do planeta Terra vem subindo a níveis preocupantes, e a previsão para até 2100 é a de que tenhamos uma média de temperatura 4 graus mais elevada do que em 1900, início da era industrial, caso não sejam adotadas medidas urgentes para conter esse aquecimento.

Por que isso é preocupante? Acontece que as mudanças do clima afetam as geleiras dos polos, alteram as correntes de ar, provocam tempestades e inundações, interferem nas práticas agropecuárias, causam doenças respiratórias, afetam o ciclo das águas e, com isso, populações inteiras de humanos e animais, afetando a biodiversidade e a capacidade da vida no planeta. Derretendo as geleiras, por exemplo, vai se elevar o nível do mar e muitas ilhas e áreas litorâneas habitadas por milhares de pessoas podem ficar submersas.

Como isso acontece? De acordo com o IPCC, a atividade humana é a principal responsável pelo aquecimento global. Ocorre que desde o início da era industrial há um uso intenso de carvão mineral, petróleo e derivados, os chamados combustíveis fósseis. Os motores das fábricas e dos veículos de transporte, na sua maioria, no processo de combustão emitem gás carbônico (CO2) e outros gases que se acumulam na atmosfera, não permitindo o resfriamento que naturalmente ocorreria. Além dos combustíveis fósseis, as queimadas e desmatamento das árvores, e mesmo a criação de gado (emitem gás metano das fezes), também contribuem para o efeito estufa que aquece o planeta.

A produção industrial intensiva e o acúmulo de resíduos, restos, coisas usadas e abandonadas também contribuem para a produção desses gases, por isso os lixões estão proibidos no Brasil, por exemplo. O nível alto de extração de bens da natureza, para produzir utilidades ou inutilidades que o homem inventa, prejudica o equilíbrio ecológico que manteria o clima da terra estável e próprio para a vida humana. É necessário tempo para recomposição das bases ecológicas, ou seja, que as plantas cresçam e se multipliquem, que se mantenha o solo em boa qualidade e permita que o ciclo da água se realize, que as árvores purifiquem o ar, consumindo o gás carbônico, por exemplo. Cada árvore é capaz de consumir entre 8 e 20 quilos de CO2 por ano. Ao apressar esse ritmo, estamos esgotando as capacidades de recuperação do planeta e alterando negativamente as condições climáticas.

O que podemos e devemos fazer a respeito? As energias renováveis são uma boa opção: energia solar, eólica, biomassa e elétrica. A reciclagem e a produção sustentável são formas de intervir positivamente. Contribuir para um ritmo de produção compatível, sustentável ecologicamente, no qual não se extrairá mais bens da natureza do que ela pode recompor, fazendo o melhor uso de cada material e reaproveitando as produções anteriores. Manter as árvores de pé, cultivar novas florestas, cuidar das águas e da biodiversidade, evitar o desperdício de tudo: comida, embalagens, roupa, brinquedos, móveis, quaisquer objetos que usamos, sejam simples ou complexos. Aprender a usar bem as coisas que se tem, usufruir da energia elétrica, da água encanada, dos meios de transporte, com responsabilidade, evitar que o planeta seja mais exigido do que pode responder e, sobretudo, não poluindo.

Resumindo, podemos adotar as seguintes medidas práticas: não desmatar, plantar árvores, cuidar das fontes e rios, consumir somente o necessário e não desperdiçar, produzir com sustentabilidade, usar as fontes de energia renováveis, reciclar e evitar o descarte irresponsável.

Para saber mais

Atividades sugeridas

  1. Pesquisar os eventos climáticos da sua região (ventos, tornados, enchentes, etc.), fazer um vídeo com imagens.
  2. Pesquisar como são recolhidos os resíduos da cidade e sua destinação, ou realizar com eles uma visita ao aterro sanitário.
  3. Fazer cálculos do gás carbônico consumido pelas árvores da praça central do município ou do pátio da escola.
  4. Identificar cinco práticas nocivas ao meio ambiente e formas de compensar os gases emitidos.
  5. Fazer uma campanha de agasalhos e brinquedos para beneficiar pessoas carentes da comunidade.

Energia

Todos os seres vivos do planeta Terra dependem de energia para se manterem. Um conceito simples de energia seria: a capacidade de realizar trabalho. A luz e o calor são essenciais para a sobrevivência humana e dos demais seres vivos. O sol é o principal responsável por fornecer essa energia que nos aquece e ilumina, ativa vitaminas que contribuem com nossa saúde e bom desenvolvimento, que permite às plantas fazerem a fotossíntese, crescerem e fornecerem alimento, sombra e proteger o clima.

Também precisamos de casas, escolas, estradas, roupas, utensílios. Tudo isso é produzido graças ao uso da energia. Para tanto é necessário canalizar a energia e torná-la acessível nas casas, nas empresas, seja para podermos ler um livro à noite, usar uma geladeira ou chuveiro, seja para ligar turbinas e motores das indústrias, que vão produzir todo tipo de utilidades.

Algumas energias são raras, custam caro e emitem poluentes durante seu uso, esse é o caso dos combustíveis fósseis, o carvão mineral e aqueles que vêm do petróleo, como a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Outras vezes a energia é gerada pela força das águas, nas hidrelétricas. Para isso é preciso desviar o curso dos rios, alagar áreas inteiras, retirar os habitantes da área afetada, causando bastante transtorno. Também há outras fontes que geram as chamadas energias renováveis, aquelas que se renovam, naturalmente e em curto tempo, pela própria ação da natureza, como é o caso da energia solar, da energia eólica, os biocombustíveis e a biomassa.

Existe um outro tipo de energia, a energia nuclear, que representa um alto risco para toda espécie de vida terrestre, devido aos efeitos da radioatividade que alteram as células dos organismos vivos. Alguns países ainda a utilizam, apesar das tragédias já vividas pelas populações da Ucrânia (Chernobil - 1986) e do Japão (Fukushima - 2013). No Brasil, a energia nuclear não é utilizada para o abastecimento da população em larga escala, embora existam instalações para pesquisas e usos específicos localizadas na cidade de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.

Os combustíveis fósseis emitem gases do efeito estufa, quando da sua queima, para gerar energia, esses gases - gás carbônico, metano e mesmo outros metais pesados, como o mercúrio - provocam o aquecimento do planeta e colocam a vida sob ameaça. Além disso, esses combustíveis resultam da ação da natureza, por milhares de anos, não se recompõem com a rapidez com que são consumidos. Tais combustíveis estão ficando cada vez mais escassos, e vão acabar, situação que exige da humanidade que encontre alternativas e as coloque em prática o mais rápido possível.

O que podemos fazer a respeito?

Usar a energia sabendo do seu valor, poupando para aquelas atividades e momentos realmente indispensáveis, lembrando que há no mundo 1,3 bilhão de pessoas que não têm acesso a energia em sua casa, estão sem água quente para o banho, sem luz para tarefas noturnas, sem televisão, computador ou videogame, habitam em lugares sem escolas ou hospitais. Lembrar que em vez de desperdiçar a energia, precisamos ter energia ao alcance de todas as pessoas do planeta. É uma necessidade básica e essencial. E aprender e aplicar o uso das energias renováveis: eólica e solar, principalmente.

Um equipamento para aquecimento de água pela energia solar equivale a economia de aproximadamente 20% de energia elétrica das hidrelétricas, por exemplo. Cada turbina de energia eólica instalada representa anualmente cerca de 5 milhões de kWh de energia disponível, o suficiente para abastecer 600 residências. O Sol é uma fonte de energia quase infinita. Já o vento é um movimento das massas de ar que acontece naturalmente e, quando agita as turbinas, que são como grandes cata-ventos, gera energia limpa, sem emissão de gases efeito estufa (GEE) ou quaisquer outros poluentes no ambiente.

A biomassa também é uma alternativa, consiste em produzir energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar e outras plantas. É viável, embora também exija uma grande quantidade e grandes áreas de plantação desses vegetais, o que deve observar os limites da sustentabilidade para não afetar as florestas, as águas e a biodiversidade.

Precisamos apoiar e cultivar bons hábitos de consumo, pensar e agir para um futuro em que as energias renováveis sejam as mais utilizadas, de modo que a energia disponível no planeta sirva a toda a humanidade. Adotar o uso consciente e sustentável da água e da energia é o primeiro passo.

Para saber mais

atividades sugeridas

  1. Pesquisar o funcionamento das placas solares e sua aplicação concreta.
  2. Discutir sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, questionando as grandes obras de infraestrutura para produção de energia, responsabilidades e riscos ambientais e sociais.
  3. Ler e interpretar com os alunos o poema "A rosa de Hiroshima", de Vinícius de Moraes.
  4. Pesquisar em que lugares do Brasil já se utiliza da energia de usinas eólicas e marcar num mapa.
  5. Pesquisar sobre os transportes alternativos mais sustentáveis que os tradicionais.

Resíduos

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!" Essa foi a importante lição do químico francês Antoine Lavoisier, que viveu no século XVIII, e é considerado o pai da química moderna.

Tudo o que conhecemos e que se apresenta como matéria provém de algo que já existia e vai se transformar em outra, mas nunca se extinguir, ou simplesmente vai surgir. Assim é com as plantas, por exemplo, que captam luz solar, água e nutrientes do solo e geram sementes e folhas das quais nós humanos nos alimentamos. Esse alimento, por sua vez, vai ser ingerido e absorvido pelo nosso organismo, nutrirá as células e, o excedente, será expelido.

O que é puramente orgânico, ou seja, que não contém elementos artificialmente produzidos, cumpre seu ciclo de consumo e reintegração à natureza, com baixo impacto ambiental. Aqueles produtos que contêm derivados de petróleo, ou que contêm quaisquer outros elementos químicos inorgânicos na sua composição, têm seu ciclo infinitamente prolongado, provocando um desequilíbrio ambiental.

Tudo o que é de plástico, como os copos descartáveis, as sacolas de supermercado, as embalagens de todo tipo de produto que está nas estantes dos supermercados, quando considerado "lixo", polui o ambiente por até 450 anos. Às vezes jogado no chão, na rua, na praia, vai parar nos oceanos e matar os animais marinhos. Justamente aqueles produtos que custaram tanto dinheiro e esforço humano para serem produzidos!

Nas roupas, muitas vezes, são utilizadas tintas e fios artificiais que demoram muito tempo a se decompor, cerca de 30 anos. Enquanto isso, há milhares de pessoas no mundo que passam necessidade e não têm condições mínimas para se proteger do calor ou do frio sequer.

Os nossos alimentos também podem não ser prontamente absorvidos pelo organismo. Isso ocorre quando são introduzidos elementos artificiais, para que não apodreçam rapidamente, e poderem ficar guardados por mais tempo, ou nas plantas, ainda, para que produzam alimentos resistentes aos insetos e larvas que atacam as lavouras e pomares. Em alguns casos, esses alimentos se tornam nocivos à saúde humana, podem afetar seriamente o desenvolvimento sadio de novas sementes e, mesmo, prejudicar a biodiversidade, contaminando o solo e afastando a fauna nativa.

Todo processo produtivo precisa de água, de energia e de matéria-prima, que, em geral, é retirada da natureza. Sabemos que nosso planeta está sofrendo um processo de aquecimento porque na produção de muitos objetos e equipamentos que utilizamos diariamente são emitidos gases efeito estufa, como o CO2 e o metano, e que esses gases tóxicos também são exalados na decomposição dos resíduos. Logo, é urgente darmos uma destinação correta para as sobras (resíduos e rejeitos antigamente chamados de lixo) e mudarmos o modelo de produção e consumo.

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, no 12.305/2010, estabeleceu uma ordem de prioridades com relação aos resíduos: 1 - Não geração de resíduos; 2 - Reduzir o resíduo produzido; 3 - Reusar os produtos; 4 - Reciclar os produtos; 5 - Dar a destinação adequada aos resíduos. E determinou o fim dos lixões a céu aberto, que poluem o solo e a água, a atmosfera e atraem insetos que proliferam doenças. Todos os municípios têm obrigação de providenciar um Plano de Gestão dos Resíduos, locais adequados para recolher cada tipo de resíduo, e dar a eles a melhor destinação para que não prejudiquem o meio ambiente e sejam mais bem aproveitados como matéria pela cadeia produtiva.

O que fazer com cada tipo de resíduo?

Os orgânicos, ou seja, aqueles que são da natureza, como as cascas de frutas e verduras e restos de alimentos, servem para a compostagem. Misturados a uma forragem vegetal, após pouco tempo, se transforma em adubo para plantas.

Latas, vidros, produtos e embalagens de papel ou plástico podem ser reaproveitados para outras utilidades antes de serem descartados; ou podem ser reciclados, integrados a um novo produto.

Aqueles produtos que são compostos de vários tipos de materiais, inclusive eletrônicos, devem ser encaminhados para uma reciclagem especial. São devolvidos às lojas que vendem tais produtos (ou local específico determinado pela Prefeitura), e, de lá, encaminhados para serem desmontados, fazendo o aproveitamento possível de cada tipo de material.

Há alguns desses objetos que contêm alguns materiais contaminantes. Esses merecem todo o cuidado, precisam ser manipulados por pessoas capacitadas e têm sua destinação fiscalizada para que não ponham em risco a saúde das pessoas e da natureza. São: as pilhas, baterias, óleo lubrificante, circuitos de aparelhos eletrônicos, como computadores, telefones, equipamentos médicos, entre outros.

Lembre-se sempre, queimar lixo, jogar nos rios, mangues e lagoas é crime ambiental! Não permita que os restos de nosso consumo poluam as cidades e os oceanos. Cada pequeno gesto é importante!

Para saber mais

atividades sugeridas

  1. Pesquisar sobre técnicas de compostagem e agricultura orgânica.
  2. Fazer um concurso de fotografia em que cada aluno deve fazer uma foto sobre os resíduos na sua cidade.
  3. Pesquisar sobre o destino dos resíduos na sua cidade.
  4. Elaborar frases, desenhos e cartazes, fazer uma campanha em toda a escola, conscientizando sobre o cuidado com os resíduos e a destinação correta.
  5. Discutir em sala de aula quais são as coisas que podem ser consideradas Rejeitos, ou seja, aquelas que não têm nenhuma forma de reaproveitamento possível.

Sustentabilidade na produção e consumo

O único habitat possível para a vida humana é o planeta Terra. Portanto é ela nossa "oikos", que quer dizer "casa", em grego. A ecologia é o estudo dessa casa. Sabemos que, para a vida ser possível no planeta, é preciso um equilíbrio ecológico, para que aquilo que utilizamos de bens naturais para nosso consumo tenha seu ciclo natural de recuperação respeitado.

Vivemos um momento na história da humanidade em que ultrapassamos esse equilíbrio. Atualmente, a cada ano, consumimos o equivalente a mais do que um planeta poderia oferecer nesse período. Chegamos a um planeta e meio. Significa que estamos devendo para o planeta. E ainda há gravíssimas diferenças nesse grau de consumo, a população de alguns países consome até 3 vezes ou mais do que a média total e outros ficam em um nível muito abaixo desse valor.

Ocorre que não é como uma dívida que você pode pagar em dinheiro. A única maneira de restabelecer o equilíbrio ecológico é mudar o modo de produzir e consumir, para que se respeite o tempo de recomposição da natureza, seja sustentável. Esse processo de recomposição nos obriga a reduzir o ritmo de extração de matéria-prima natural para produzir coisas novas e contribuir para que as condições de recomposição sejam facilitadas.

Também é necessário evitar todo tipo de atividade poluidora, especialmente, aquelas que produzem o aquecimento global pela emissão de gases efeito estufa, como as que usam combustíveis fósseis e matéria-prima não renovável, reduzindo ao máximo essas emissões. Cuidar para que as florestas e as águas sejam protegidas da contaminação e da extinção, que a biodiversidade seja valorizada e estimulada, zelando para que as variedades de sementes, plantas e animais se mantenham em uso, e multiplicáveis.

Caso não haja medidas práticas e reais para compensar nosso uso abusivo de recursos naturais, em algumas décadas, populações inteiras do planeta vão precisar buscar outros lugares para viver, devido às inundações, às secas, escassez de alimentos, catástrofes climáticas, como tsunamis e furacões, outras tantas podem perder sua vida, conflitos e doenças ameaçam o futuro da humanidade.

Quando os objetos e alimentos que usamos e as obras que construímos são feitas com materiais que agridem pouco o ambiente, têm baixo impacto ambiental, contribuímos para a sustentabilidade da vida, tal como a conhecemos, no planeta. Um bom exemplo é a alimentação com vegetais e produtos dos pomares e hortas da nossa casa ou cidades próximas, que não precisam de transporte, pois os caminhões que fazem este transporte emitem gás carbônico e os restos vegetais serão úteis à natureza pela compostagem, que fornece material nutritivo para as plantações.

Já aqueles produtos duráveis, como as roupas, potes e panelas, sapatos, telefones celulares, livros, etc., devem ser escolhidos com atenção, primeiro para que saibamos que foi feito por uma empresa que adota práticas sustentáveis, e, segundo, para que a sua qualidade permita uma longa vida útil. Como as coisas todas precisam de água, energia e matéria-prima da natureza para serem produzidas, o produto que for melhor vai durar mais e, com isso, evitar que seja necessário descartar aquele e comprar outro logo em seguida. Todo produto "descartável" prejudica a recuperação do equilíbrio ecológico. O bom mesmo é tentar consertar o que se estragou e prolongar a vida útil.

Com a necessidade da sustentabilidade, estão surgindo novas formas de produção e consumo, criativas e interessantes, que podem realmente contribuir para que os seres humanos consigam minimizar os riscos ambientais previstos pelo modo abusivo de consumo do planeta. É a economia "colaborativa", que propõe que as pessoas compartilhem as coisas que puderem. Por exemplo: eu tenho uma bicicleta, mas só uso nos finais de semana. Posso muito bem emprestar para meu primo ou meu vizinho durante os outros dias para ele passear ou ir à escola. As roupas que serviam no ano passado ficaram pequenas, eu posso levar a um "brechó", ou doá-las, e outras pessoas poderão usá-las. O mesmo sobre os livros escolares, quando bem cuidados, podem ser usados por outros estudantes no ano seguinte.

Devemos praticar o consumo consciente e sustentável, aquele em que se sabe de onde vem o produto e que ele foi feito de modo sustentável, com o menor impacto ecológico e social possível. Quer dizer: houve cuidado com o que se retirou da natureza e com o que se devolveu para ela, e com os direitos humanos daqueles que trabalharam para produzi-la. Consumidores exigentes e conscientes em favor da sustentabilidade são ótimos protetores da natureza e capazes de ajudar a conter o ritmo das ameaças que pairam sobre o planeta e sobre a vida humana.

Para saber mais

Atividades sugeridas

  1. Calcular a pegada ecológica usando uma das ferramentas disponíveis na internet.
  2. Pesquisar sobre o consumo colaborativo.
  3. Identificar na sua cidade os profissionais que recuperam objetos e fazer uma lista de serviços que contribuem com a sustentabilidade.
  4. Pesquisar quais os requisitos são considerados para considerar sustentável um produto.
  5. Pesquisar o que deve constar dos rótulos dos produtos que afirmam ser orgânicos.

Cultura e meio ambiente

A relação que estabelecemos com a natureza é aprendida e repassada culturalmente, isto é, por nossos ancestrais, conforme os costumes e crenças que tinham a respeito dela.

A ligação entre a compreensão dos ciclos naturais e do equilíbrio ecológico e os resultados dessas práticas é direta. As pessoas que vivem em áreas rurais, por exemplo, sabem muito mais sobre a necessidade da água para as plantações dos alimentos do que as moradoras de áreas urbanas, cujo único contato é com o vegetal já colhido e pronto para comer. Quem brincou de subir nas árvores e de pescar sabe o quanto é bom ter árvores por perto e o valor de uma água limpa, onde se pode encontrar peixes saudáveis e gostosos.

Esse aspecto fica mais evidente quando falamos dos povos indígenas e povos tradicionais, que estabelecem uma relação de interdependência muito intensa com a natureza e aprendem a valorizá-la e respeitá-la, em cada elemento. Isso também permite que conheçam muitas coisas importantes sobre as diferentes plantas e animais e os benefícios dessa biodiversidade para o equilíbrio ecológico.

O saber dos povos tradicionais é algo que se está perdendo. O êxodo rural, que é o movimento de migração para os grandes centros urbanos, também é um fator que gera novos hábitos e afasta o homem do convívio com a natureza.

No entanto, se buscarmos informações junto às pessoas mais idosas de nossa família ou vizinhos, vamos aprender muito sobre como lidar com situações simples, como fazer uma muda de árvore, por exemplo, para que servem aqueles chás de ervas, como fazer uma composteira e plantar uma horta.

O modo de vida urbano acelera o ritmo cotidiano, exige tempo para as filas e os transportes, as ruas são de asfalto, calçadas, prédios, lojas, indústrias, estão por toda a parte. A tecnologia facilita algumas atividades e também distrai. Durante a semana, mesmo as crianças costumam ficar ocupadas o tempo todo ou fechadas em casa, vendo televisão ou no computador. Poucas pessoas conseguem cultivar o convívio com a natureza no dia a dia da vida urbana.

Com isso, vamos nos tornando insensíveis às pequenas delicadezas que a natureza nos ensina, como aquele beijo que o colibri dá na flor, o joão-de-barro que prepara sua casinha no alto do galho da árvore, as onze-horas que marcam hora para saudar o sol, abrindo-se todas no seu melhor colorido. As crianças pensam que o leite nasce na caixa de papelão e que botão de rosa é um dispositivo tecnológico.

O modo de vida que consome tudo industrializado gera uma padronização excessiva, prejudicando a variedade e a diversificação das experiências e dos conhecimentos. Poucos ainda brincam no quintal de casa, ou na praça, vamos desaprendendo o valor da simplicidade e esperamos, cada vez mais, que tudo venha pronto e nos traga uma satisfação imediata e sem esforço.

No momento em que a humanidade percebe que se está desvinculando da natureza, que é condição básica da sua existência, reconhece que é preciso reaprender a conviver em harmonia com o ambiente. Que é preciso buscar o exemplo dos povos indígenas, dos ribeirinhos e populações antigas, que dominam o conhecimento sensível sobre os cuidados e os segredos da natureza e têm um grande respeito por ela.

A diversidade cultural dos diferentes povos e a biodiversidade da fauna e flora são fundamentais para garantir a capacidade de a humanidade e o planeta superarem a crise ecológica. Quanto mais diversificação, se multiplica proporcionalmente a capacidade de reorganização diante de um problema, seja este a escassez de determinado alimento, a carência de água para uma atividade, a dificuldade de obter determinada substância para a formulação de um remédio.

Estamos vivendo um novo momento, em que se busca a consciência ecológica e aprender a conviver e a perceber o grande valor da natureza em nossas vida. Precisamos de uma cultura ecológica, aprender a consumir sem explorar ou degradar, a colher os frutos maduros, sem derrubar a árvore, usar os campos sem torná-los um deserto, navegar nos rios sem contaminar os peixes. A respeitar o tempo e a respirar com calma, valorizar a vida e todas as vidas daqueles que ainda estão por vir.

Para saber mais

atividades sugeridas

  1. Pesquisar sobre os povos originários da sua região e sobre sua cultura.
  2. Escrever uma estória que conte sobre a infância de uma criança e sua relação com a natureza.
  3. Fazer fotos de situações curiosas que percebe na natureza.
  4. Trazer para a turma três receitas de alimentos típicos da região.
  5. Entrevistar pais ou professores sobre as brincadeiras e cantigas da sua infância.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Preparar o futuro a cada dia é a missão do educador. Quando se trata da Educação Ambiental, porém, não se limita ao espaço escolar, se trata antes de uma missão cidadã que incumbe a todos: professores, pais, empresas, profissionais, adultos e mesmo às crianças.

A urgência que as questões ecológicas impõem diz respeito a todos os cidadãos que habitam o planeta Terra. Estamos todos irmanados na condição de humanidade que tem na Terra seu único refúgio e vivencia as consequências desastrosas de uma falta de consciência a respeito das relações homem/natureza.

As graves alterações no clima que já se manifestam prenunciam uma série de riscos, como secas, inundações de cidades inteiras, carência de água potável, fome e guerra. Há, inclusive, um consenso internacional quanto à priorização de uma forma de vida sustentável, de modo a evitar que aconteçam essas ameaças, e permitir que as gerações futuras possam desfrutar da vida com a qualidade ambiental consolidada recentemente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, os ODS.

A educação para a sustentabilidade é uma constante. É preparar para a vida, é sensibilizar e contribuir para a consciência ecológica. Estamos todos sempre aprendendo. Mais do que conteúdos teóricos, precisamos de vivência, colocar em prática na sala de aula, em casa, no trabalho. Não se trata apenas de entender da natureza, mas compreender nossa própria natureza, aceitar as formas diferentes de ser, promover relações humanas mais calorosas e cooperativas, aprender a viver em harmonia.

Esperamos que este material seja útil para aproximar as crianças e adolescentes do tema ecologia e que todos desfrutem de boas experiências!